31 março 2006

Se puder... sem medo.

Se Puder Sem Medo
Oswaldo Montenegro

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo.
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha,
Pra que eu fotografe assim o meu verdadeiro abrigo.

Deixa a luz do quarto acesa, a porta entreaberta,
O lençol amarrotado mesmo que vazio,
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta,
Só na minha voz não mexa, eu mesmo silencio.

Deixa o coração falar o que eu calei um dia,
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo,
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia,
Deixa tudo como está e se puder, sem medo.

Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço.
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa.
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás a porta.

Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso,
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa.
Deixa ali teu endereço, qualquer coisa, aviso.
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa.

Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo,
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande.
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo.
Se o adeus demora a dor no coração se expande...

Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa,
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência,
Deixa a minha insanidade - é tudo que me resta -
Deixa eu por à prova toda minha resistência.

Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro.
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila...
Deixa pendurada a calça de brim desbotado,
Que como esse nosso amor, ao menor vento oscila.

Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa...
Deixa um último recado na casa vizinha.
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa.
Deixa a dor que eu lhe causei, agora é toda minha.

Deixa tudo que eu não disse mas você sabia,
Deixa o que você calou e eu tanto precisava.
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia,
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava...


Não sei se há uma canção mais apropriada para meu
momento do que esta. Cada frase, cada palavra é a
colocação perfeita. Mas a frase em destaque...
resume todo meu sentimento:
Se o adeus demora, a dor no coração se expande.
Se tem que ir, vai de uma vez, cada instante que
fica é mais dolorido...

29 março 2006

"Tears in the night..."

First Love
Stryper
She waits alone, oh every night
Tears are in her eyes
She has lost all the love she had

She lived her life for Him each day
She threw it all away
To live for herself - live her life, her way

There is no love like the love of your first love
It's so true
It's for you, as you are.
Tears in the night,
Filled with pain
You're running from the love
That you had once before - your first love

Someone to hold you though the pain
To make you smile again
And to protect you forever

Someone to take your fears away
To help you through each day
To carry you when you just can't go on

There is no love like the love of your first love
It's so true
Your love will never leave you
Tears in the night
Filled with pain
You're running from the love
That you had before you cried out
for your first love

Essa além de ser a trilha emocional, tem sido a trilha real das muitas noites insones e encharcadas de lágrimas. "Lágrimas na noite, repletas de dor..." Mas espero "alguém pra me abraçar através da dor, me fazer sorrir de novo e me proteger pra sempre. Alguém que leve minhas tristezas embora, me ajude a cada dia a prosseguir, quando eu não aguentar mais".
Na verdade nem sei se isso ainda existe, ou se será possível, mas é uma esperança...

A canção tocou na hora certa...

Prafraseando Ana Carolina ao contrário... Nem sei como pode ser possível, mas tem, sim, uma canção para cada momento. Às vezes mais de uma pra o mesmo momento, mas jamais um momento sem canção.

Resolvi usar esse espaço pra isso... soltar aqui a trilha sonora dos meus dias. Como já havia pensado nisso há um tempinho e não tinha sei lá, coragem de começar... vou voltar a fita... e registrar o que já passou.

TODO O SENTIMENTO
Cristóvão Bastos - Chico Buarque/1987

Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente
Preciso conduzir um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.
Pretendo descobrir, no último momento,
Um tempo que refaz o que desfez.
Que recolhe todo o sentimento,
E bota no corpo uma outra vez...
Prometo te querer, até o amor cair doente... doente...
Prefiro então partir, a tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.
Depois de te perder, te encontro, com certeza,
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada, nada aconteceu.
Apenas seguirei, como encantado, ao lado teu.

Vi o meu amor cair doente... fiquei sem dormir, tentando decifrar o tempo, as incógnitas... e vi a hora de partir, ou de ver partir. Desconfiei... fui percebendo os detalhes, vendo a realidade mudar e a desconfiança foi virando certeza.

Fim de Caso

Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar.
Há um adeus em cada gesto, em cada olhar,
Mas nós não temos é coragem de falar...
Nós já tivemos a nossa fase de carinho apaixonado,
De fazer versos, de viver sempre abraçados,
Naquela base do só vou se você for.
Mas de repente, fomos ficando cada dia mais sozinhos,
Embora juntos, cada qual tem seu caminho
E já não temos nem coragem de brigar.
Tenho pensado - e Deus permita que eu esteja errada -
Mas eu estou, ah eu estou desconfiada
Que o nosso caso está na hora de acabar...
Que o nosso caso está na hora de acabar!